O comentário do advogado constitucionalista André Marsiglia, a respeito das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, toca em diversos pontos centrais do debate jurídico e político brasileiro atual. Aqui está uma análise crítica e contextualizada dos principais elementos levantados por Marsiglia:
Legalidade das medidas cautelares
Marsiglia considera a ação da Polícia Federal, autorizada por Moraes com aval da PGR, “completamente ilegal”. O argumento dele é que não haveria risco de obstrução processual, já que o processo está “à beira da sentença” e Bolsonaro “não descumpriu nenhuma ordem
Proibição de comunicação
Entre as medidas impostas estão:
- Proibição de comunicação com diplomatas
- Proibição de uso das redes sociais
- Proibição de contato com outros investigados
- Recolhimento domiciliar noturno
- Uso de tornozeleira eletrônica
Marsiglia entende isso como censura e restrição desproporcional à liberdade de expressão e ao direito de comunicação — inclusive com o próprio filho, Eduardo Bolsonaro.
A Constituição garante a liberdade de expressão (art. 5º, IV e IX), mas essa liberdade não é absoluta. O STF já firmou jurisprudência permitindo limitações proporcionais quando houver indícios de que o uso da palavra possa configurar crime ou colocar em risco investigações.
No entanto, impedir comunicação familiar, se de fato ocorreu sem base legal e sem exceção, seria uma violação de direitos fundamentais e poderia sim ser considerado um excesso.
“Denunciar ilegalidades a outros países” como direito
Marsiglia afirma que levar denúncias contra o STF a outros países é exercício de liberdade política, não atentado à soberania.
Esse argumento remete à liberdade de crítica a instituições públicas — um direito democrático essencial.
Acusações de “vingança” por parte de Moraes
Marsiglia sugere que Moraes age com motivação pessoal, como uma “vingança” política e um “recado a Trump”.
As declarações de André Marsiglia refletem uma visão alinhada a princípios constitucionais como a liberdade de expressão, devido processo legal e proibição de penas cruéis ou desumanas.
O que pretende mostrar o jurista, é o ferimento das garantias individuais e a desproteção institucional do Estado Democrático de Direito — um tema central no Brasil atual.