Em novembro de 2023, na edição 190, uma reportagem da revista Oeste descreveu a vida real dos 18 mil habitantes de Mairi, no interior da Bahia. Ali, menos de mil moradores (5%) têm um emprego. E 10 mil pessoas (56% da população) precisam do Bolsa Família. “Em Mairi, boa parte de quem recebe o auxílio complementa a renda por meio de bicos e trabalhos informais”, contou Artur Piva.
Nesta semana, 24 edições depois, Carlo Cauti mostra que, neste Brasil de 2024, os beneficiários do Bolsa Família são 56 milhões de habitantes em todo o país. “O número é superior ao das populações da Argentina (45 milhões), do Uruguai (3 milhões) e do Paraguai (7 milhões) somadas”, compara Cauti.
Enquanto isso, a população economicamente ativa é de 108 milhões de brasileiros, somados os setores público e privado. Apenas 46 milhões deles têm carteira assinada. Isso mostra que existem mais brasileiros recebendo o Bolsa Família do que trabalhadores formais. “Em compensação, são apenas 6 milhões de CNPJs existentes no país”, afirma Cauti. “O Brasil empreendedor corresponde a cerca de 10% do Brasil que depende do governo.”
A reportagem confirma a frase do ex-governador pernambucano Jarbas Vasconcelos: “O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo”. Todos os mapas eleitorais mostram que o PT teve maioria em todos os Estados mais beneficiados pelo programa.
“O desenho do Bolsa Família permite que um núcleo familiar composto de pai, mãe e um filho maior de idade obtenha até três benefícios, caso cada um dos integrantes se apresente como ‘família unipessoal’”, observa Cauti. “Dessa forma, o total recebido do governo poderá chegar a quase R$ 2 mil”. A consequência imediata é a diminuição de brasileiros interessados em trabalhar.
quantidade de beneficiários não para de crescer. O número registrado em 2024 é o mais elevado nos 21 anos de vida do programa. Quando o Bolsa Família nasceu, contemplava pouco mais de 1 milhão de famílias. Hoje, são 21 milhões. O Comunidade
Solidária, programa social criado por Ruth Cardoso durante o governo do marido, FHC, media o sucesso do projeto com base no volume de dependentes. Se o número aumentava depois de um ano, o programa fracassara. Se caía, fora bem-sucedido. No Brasil de hoje, o governo festeja o aumento da vastidão de beneficiados.
O presidente norte-americano Ronald Reagan avisou há muitos anos que o melhor programa social era a criação de empregos. Lula prefere transformar o Brasil numa gigantesca Mairi
Fonte: Revista Oeste