A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) abriu uma licitação estimada em R$ 34,4 milhões para a reforma e modernização do seu prédio principal, em Fortaleza. O valor consta no Edital nº 180/2025, publicado recentemente, que prevê contratação “semi-integrada” de serviços de engenharia — incluindo desde a elaboração do projeto executivo até a execução completa das obras.
O pacote de intervenções engloba demolições, adequações estruturais, novas instalações prediais, drenagem, paisagismo e mobiliário urbano, entre outros itens. A iniciativa, no entanto, vem despertando críticas diante do atual contexto social e econômico do Estado.
Enquanto o Ceará enfrenta cortes em áreas essenciais, como saúde, educação e segurança pública, e vê famílias vivendo com menos de meio salário mínimo — cerca de 43% da população, segundo o último Censo —, o alto investimento em obras internas do Legislativo tem sido interpretado como falta de sensibilidade e desalinhamento de prioridades.
Críticos apontam que, embora manutenções estruturais sejam necessárias, o valor milionário e a amplitude da reforma parecem desproporcionais diante da realidade de crise e das crescentes cobranças por austeridade e transparência no uso de recursos públicos.
A decisão reforça, para muitos, o distanciamento entre o poder político e as necessidades da população, em um momento em que o Estado enfrenta sérios desafios sociais e orçamentários. O edital ainda deve passar pelas fases de análise técnica e concorrência, mas já é alvo de questionamentos sobre urgência, justificativa e prioridades na gestão do dinheiro público.