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EUA anuncia apreensão de avião do presidente venezuelano Maduro
Internacionais
Publicado em 02/09/2024

oOs Estados Unidos anunciaram, nesta segunda-feira (2), que apreenderam um avião do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na República Dominicana e o transferiram para a Flórida, alegando violações às sanções americanas impostas a Caracas, que denunciou uma "pirataria".

O jato particular Dassault Falcon 900EX, de registro T7-ESPRT, voou de Santo Domingo para Fort Lauderdale na manhã desta segunda-feira, segundo o portal de rastreamento de aeronaves Flight Radar 24

.O Departamento de Justiça "confiscou uma aeronave que foi adquirida ilegalmente por 13 milhões de dólares através de uma empresa de fachada e foi contrabandeada dos Estados Unidos para uso de Nicolás Maduro e seus comparsas", disse o procurador-geral Merrick Garland em um comunicado.

As autoridades afirmam que a transação viola as sanções impostas pelos Estados Unidos ao país, que foram endurecidas em 2019 após a primeira reeleição de Maduro no ano anterior. Washington também não reconheceu recentemente o resultado das eleições que deram a Maduro um terceiro mandato em 28 de julho, em meio a denúncias de fraude pela oposição.

"Esta não é uma ação isolada", protestou o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela. "Faz parte de uma escalada de ações contra" o governo de Maduro.

"As autoridades dos Estados Unidos da América, em uma prática criminosa reincidente que não pode ser classificada de outra coisa senão pirataria, confiscaram ilegalmente uma aeronave que estava sendo utilizada pelo presidente da República", continuou o texto.

 seO avião foi usado por Maduro quando ele viajou para São Vicente e Granadinas em dezembro passado para uma reunião sobre o conflito fronteiriço com a Guiana, ou dias depois, quando Alex Saab, acusado de ser testa-de-ferro do presidente, foi libertado em uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos.

As autoridades americanas indicaram que, no final de 2022 e início de 2023, indivíduos "vinculados a Maduro" teriam usado uma empresa de fachada com sede no Caribe para ocultar sua participação na compra ilegal do avião e que, em abril daquele ano, a aeronave foi "exportada ilegalmente" para a Venezuela.

A partir de maio daquele ano, a aeronave voou "quase exclusivamente de e para uma base militar na Venezuela", segundo o Departamento de Justiça.

O chanceler dominicano, Roberto Álvarez, disse mais tarde que o Dassault Falcon 900EX estava em Santo Domingo para manutenção quando as autoridades receberam uma ordem judicial para "imobilizar a aeronave em questão".

"No dia de hoje, 2 de setembro, foi recebida uma nova ordem judicial autorizando a entrega da aeronave ao Estado requerente, ou seja, aos Estados Unidos, e, portanto, o Ministério Público entregou a aeronave", acrescentou. "Nem o governo dominicano nem o Ministério Público participaram do processo de investigação".

A Venezuela afirmou que as autoridades dominicanas foram "cúmplices" dos "atos delinquentes" dos Estados Unidos. "Essa ação revela que nenhum Estado e nenhum governo constitucional está a salvo das ações ilegais que desrespeitam o direito internacional."

A apreensão ocorreu em meio a uma nova crise política devido às eleições de 28 de julho, nas quais a autoridade eleitoral proclamou Maduro vencedor sem publicar ou detalhar a recontagem dos votos, como exige a lei.

Os Estados Unidos, a União Europeia e vários países latino-americanos se recusam a reconhecer Maduro como vencedor sem antes ver os resultados detalhados da votação.

 

"Maduro e seus representantes manipularam os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho, proclamaram falsamente vitória e colocaram em prática uma repressão generalizada para manter o poder pela força", disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

A apreensão do avião "é um passo importante para garantir que Maduro continue sentindo as consequências de seu desgoverno da Venezuela", acrescentou.

O resultado contestado da eleição resultou em protestos que deixaram 27 mortos, 192 feridos e mais de 2.400 detidos, incluindo menores de idade.

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