Equipes do 41° BPM (Irajá) interromperam os preparos de um baile funk no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, na Zona Norte, na manhã desse sábado. O cantor Oruam, filho do traficante Marcinho VP, do Comando Vermelho, iria se apresentar no evento. Na ação, houve troca de tiros e dois suspeitos foram baleados. Eles foram levados para um hospital da região, onde estão sob custódia. A ocorrência foi registrada na 39ª DP (Pavuna).
Segundo a Polícia Militar, a equipe se dividiu e, enquanto uma parte foi à região conhecida por Campo da Pedreira, onde o evento seria realizado, outra fez buscas no interior da comunidade. Os policiais, segundo a corporação, foram recebidos a tiros por criminosos e revidaram. Após o fim do tiroteio, dois homens foram encontrados feridos no local. Com eles, os agentes apreenderam dois fuzis calibre 7.62.
Nas redes sociais, Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, comentou sobre o cancelamento de seu show, afirmando estar "Boladão". O evento vinha sendo anunciado há pelo menos dois meses nas redes sociais e teria também a participação do cantor Príncipe.
"Os caras estão com problema pessoal comigo, não querem deixar meu show rolar, meus bailes, entendeu? Cancelaram meu show no Ap (Cidade de Deus) e na Pedreira... To boladão, tropa. [...] Fizeram operação lá na Pedreira só para não ter o show. Mas suave também, sabe como é: 'é só uma fase, vai passar'", disse o cantor no Instagram.
Polêmicas
Em fevereiro, Oruam foi preso em flagrante acusado de crime de favorecimento pessoal. Policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) encontraram um amigo dele, que havia um mandado de prisão em aberto, na casa do artista no Joá, na Zona Oeste.
Informalmente à polícia, Oruam explicou que Yuri Pereira Gonçalves é um amigo de infância. Ele reforçou que não sabia do mandado de prisão em aberto. O cadastro chegou ao Conselho Nacional de Justiça no dia 14 de fevereiro, tendo como base um processo de 2020, ainda sem sentença, referente ao Art. 2º, da Lei 12850/13: "promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa".
O artista também tá no centro das atenções devido ao projeto de lei denominado “Lei Anti-Oruam”, que visa impedir que o poder público contrate shows de artistas que, de alguma forma, façam apologia ao uso de drogas ou ao crime organizado. O tema será discutido na Câmara de Vereadores do Rio, após iniciativa da vereadora Talita Galhardo (PSDB), com coautoria de Pedro Duarte (Novo).
Na justificativa da vereadora Talita Galhardo para apresentar o projeto de lei que leva o nome do rapper, foi mencionada a música "Faixa de Gaza", de MC Cabelinho. Oruam interpreta a canção, que menciona assaltos e faz referência ao "Comando Vermelho RL". As letras "R" e "L" são as iniciais do nome de Rogério Lengruber, criador da Falange Vermelha nos anos 1970, organização que deu origem ao Comando Vermelho.
Outras letras também geram discussões nas redes sociais sobre possíveis apologias ao crime organizado e ao uso de armas. Na música "22 Meu Vulgo", ele afirma que "bandido é sempre respeitado". Já em "Lei Anti O.R.U.A.M", o cantor menciona ter uma Glock, pistola semiautomática.
Outros estados
Pelo menos 12 capitais já contam com projetos semelhantes.A polêmica começou em São Paulo, quando a vereadora Amanda Vettorazzo (União), coordenadora do Movimento Brasil Livre (MBL), propôs a restrição. Isso aconteceu dias depois de Amanda postar um vídeo nas redes sociais onde afirma que Oruam "abriu a porteira para que rappers e funkeiros começassem a produzir músicas endeusando criminosos e líderes de facções, usando de gírias para normalizar o mundo crime na nossa cultura”.