Os dois foram alvos da Operação “Ad Manus”, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará na última sexta. Durante a ação, foram presos e afastados das funções, por 180 dias, o atual prefeito e um servidor da Secretaria de Transporte do município.
Em nota, a Polícia Civil do Ceará informa que cumpriu, por meio da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), um mandado de prisão temporária em desfavor de um homem de 45 anos. Bebeto Queiroz possui antecedentes por porte ilegal de arma de fogo.
Conforme a decisão judicial, logo no primeiro mês de mandato, em 2017, o prefeito teria decretado emergência no município e com isso fez uma dispensa de licitação para contratar um posto de combustíveis que ofereceu preços muito mais altos que os praticados no mercado.
Conforme o Ministério Público, o valor era mais alto porque parte do dinheiro pago à empresa era, posteriormente, repassado ao grupo do prefeito. Além disso, o MP afirma que o gabinete do prefeito permitia o abastecimento de veículos sem qualquer controle, inclusive carros que não eram da frota municipal e que não tinham relação funcional com a prefeitura.
O servidor preso na operação de hoje é apontado como o responsável por operacionalizar o esquema, sob ordem do prefeito. Ele descartava todos os comprovantes logo que os veículos abasteciam, para não saber quem abastecia nem qual carro. Depois, os valores eram imputados no sistema da prefeitura como sendo de carros do município.
Além do esquema de combustível, o MP aponta que o prefeito Marcondes Jucá teria arquitetado "uma estrutura criminosa para recebimento de valores ilícitos, mediante práticas de recebimento de propinas de empresas que têm contratos perante o município".
Parte dessas empresas envolvidas nos esquemas de desvio de dinheiro e pagamento de propina ao atual prefeito são de propriedade do prefeito eleito, Bebeto Queiroz, que foi apoiado por Marcondes nas eleições e foi eleito com 5.971 votos, correspondente a 61,1% dos votos válidos de Choró.
Segundo o Ministério Público, Bebeto e Marcondes controlavam as empresas que obtinham contratos milionários com a prefeitura e depois recebiam propinas de parte das obras e serviços executados pelas empresas.
A imprensa péocurou a defesa do prefeito Marcondes Jucá, mas não obteve resposta até o momento. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do prefeito eleito, Bebeto Queiroz.
Vereadores e servidores beneficiados
O prefeito Marcondes Jucá também teria montado um esquema de fornecimento ilegal de vantagens de serviço e bens públicos para vereadores da cidade, que recebiam dinheiro, combustíveis, conseguiam marcar exames em hospitais, entre outros benefícios irregulares.
Além dos mandados de prisão contra o atual prefeito, o prefeito eleito e o servidor, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão nas cidades de Canindé, Choró, Quixadá e Madalena contra os investigados.
São apontados diversos beneficiários nos esquemas: vereadores, empresários da região, secretários municipais e outros servidores públicos. Durante as buscas, foram apreendidos aparelhos celulares, computadores e documentos relacionados aos contratos investigados. A Justiça também determinou o encerramento imediato dos contratos da Prefeitura com as empresas alvos da operação.
A decisão judicial também ordenou o afastamento, por 180 dias, do prefeito Marcondes Jucá, dos vereadores e dos servidores citados no caso. Os investigados poderão responder por crimes contra a administração pública, peculato, falsidades material e ideológica e corrupção passiva e ativa.