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Grande maioria das mulheres presas no Ceará responde por tráfico de drogas
Policial
Publicado em 09/09/2024

O tráfico de drogas é o crime que mais leva mulheres à prisão no Ceará. De acordo com o último Censo Penitenciário do Ceará, divulgado no último dia 23 de agosto, cerca de 50% das mulheres que estão em unidades prisionais, o que equivale a aproximadamente 350 presas, foram parar atrás das grades por envolvimento com entorpecentes.

Os pesquisadores apontam que "o dado revela uma situação séria" já que na maioria dos casos elas aderem ao tráfico junto aos companheiros e, quando eles são capturados, acabam "herdando" dentro do 'mundo do crime' a função de comercializar drogas.

"O encarceramento feminino em razão do tráfico acontece, em algumas situações, por uma participação subalterna da mulher em esquemas de tráfico de drogas, em razão, entre outros aspectos, de relações afetivas com parceiros envolvidos no tráfico de drogas. Isto não significa que não existam participações ativas e papeis de protagonismo. Não obstante, indica que é um fenômeno que merece atenção e melhores informações de cunho qualitativo sobre a participação dessas mulheres nesse tipo de dinâmica criminal", conforme o Censo.

MOTIVOS DAS PRISÕES

Dentre os crimes mais cometidos pelo público feminino estão, em sequência, os Crimes Contra o Patrimônio (29%) e Crimes Contra à Pessoa (18%). Quando considerados ambos os sexos, está no topo do ranking como crime mais prevalente, em 44% dos casos, os Crimes Contra o Patrimônio.

A coordenadora do Censo Penitenciário do Ceará 2023, Ana Karina Pinheiro pontua que "em especial, o tráfico de drogas causa efeitos sistêmicos e repercutem em diversas dimensões das vulnerabilidades, incluindo o aumento da criminalidade, o enfraquecimento das estruturas sociais, o desgaste dos serviços de saúde e segurança, e a sobrecarga do sistema judicial".

"Recomenda-se a realização de diagnósticos interdisciplinares para avaliação dos processos sociais de encarceramento dessas pessoas, com estudos sobre o impacto social do tráfico de drogas em diferentes territórios da capital e do interior do Estado", diz Ana Karina Pinheiro

 

Outros dados que chamam a atenção são o de que quase 25% de toda a população carcerária está presa devido ao crime de homicídio e homicídio qualificado, "isto ilustra que um quarto dessa população efetivamente está envolvida em um crime grave com impacto social importante para toda a sociedade" e que 4% dos presos respondem por organização criminosa, "o que revela uma situação muito importante em relação à população carcerária associada ao fenômeno das facções criminosas no Ceará", segundo os pesquisadores.

 

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