As apreensões de drogas na BR-116 vêm chamando a atenção das autoridades do Ceará.
Noticia dao conta Inteligência da Segurança Pública estadual que a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) vem dominando o envio e distribuição de cocaína no Estado, se valendo da rodovia federal como porta de entrada principal para a droga, vinda do Paraguai.
Em números, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pelo policiamento nas vias federais, registrou que de janeiro a julho de 2024, foram 11 ocorrências na BR-116, ultrapassando 780 quilos de drogas apreendidas nesta rodovia, já dentro do Ceará
A quantidade se aproxima do montante de ilícitos recolhidos nesta e em outras rodovias federais que cortam o Estado, em todo o ano de 2023. No entanto, a PRF destaca que "não tem como atribuir apreensão à facção A ou facção B, porque dentro dos números há desde pequenos traficantes, com apreensões em mochilas, nas bagagens e os dados são globais".
O sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Artur Pires, recorda que "é uma constatação empírica que as rodovias, sobretudo as que passam por portos e suas proximidades, são caminhos incontornáveis por onde escoam toneladas de drogas em todo o país. vindas das rotas paraguaiais, bolivianas, peruanas e colombianas, essas drogas (e armas) têm as rodovias brasileiras como veias fundamentais para a logística de distribuição do tráfico internacional de drogas".
Sobre a BR-116 vir sendo usada por traficantes como porta de entrada de drogas, Roberto Sá, atual secretário da Segurança Pública do Ceará e delegado da Polícia Federal, destaca que "o tráfico não chega só pelas rodovias federais. Temos conhecimento que eles se utilizam de todas as formas possíveis para se deslocar, sempre tentando burlar a fiscalização do Poder Público. É um desafio permanente e um trabalho integrado".
O estudioso do LEV acrescenta ainda sobre o Ceará hoje ter papel de relevância no tráfico internacional de drogas, "pela estrutura do Porto do Pecém e por ser geograficamente mais próximo dos Estados Unidos, da África e da Eeuropa do que outras cidades brasileiras com grandes portos internacionais, o que traz um barateamento dos custos logísticos para os grupos criminais".
"Não à toa desde o final da década de 1990 e início dos 2000 iniciou-se um processo no CV, e pouco tempo depois no PCC, de criar no Ceará uma estrutura com pessoal, imóveis e equipamentos para escoar toneladas de cocaína do Ceará. a inauguração do Porto do Pecém, em 2002, marcou a consolidação do Ceará não apenas no comércio internacional legal, mas também no tráfico de drogas e armas"